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Pandemia afeta ensino no mundo; Brasil mostra desnível de regiões

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Pandemia afeta ensino no mundo; Brasil mostra desnível de regiões
O Estado de S. Paulo. · 06 dez. 2023 · A16 · RENATA CAFARDO LEON FERRARI
Um em cada quatro alunos em países mais ricos tem baixo desempenho em
Matemática, Leitura e Ciências em exame; mesmo com escolas fechadas
mais tempo, Brasil cou ‘estável’
O Pisa, a avaliação de educação mais importante do mundo, mostrou que o desempenho
dos alunos de 15 anos de idade em Matemática e Leitura nos países ricos teve a maior
queda da história na pandemia. O Brasil subiu no ranking, mas com notas ainda baixas e
desempenho desigual de estudantes dependendo da região.
O desempenho dos estudantes em Matemática e Leitura nos países ricos durante a pandemia teve a maior queda da história na prova mais importante da educação do mundo, o
Pisa. Os resultados do exame, que avalia alunos de 15 anos, foram divulgados ontem. Já
com notas muito baixas ao longo das edições do exame, a do Brasil se manteve praticamente estável, mas subiu algumas posições no ranking.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pela
prova, considerou a queda mundial como “sem precedentes” e “dramática”. Diretor de
Educação e Habilidades do Pisa, Andreas Schleicher, armou que o Brasil foi um dos países
“sortudos”, onde o desempenho não foi tão prejudicado na crise sanitária. Para o ministro
da Educação, Camilo Santana, isso foi re€exo do “esforço de Estados e dos governadores,
mesmo na ausência do MEC” no período.
Segundo os novos resultados do Pisa, um em cada quatro adolescentes de 15 anos dos paí-
ses mais ricos do mundo agora tem baixo desempenho em Matemática, Leitura e Ciências.
Isso signica que eles têm diculdades para fazer tarefas como aplicar operações matemá-
ticas básicas ou interpretar textos simples. Não conseguem fazer contas com porcentagens ou distinguir fatos de opiniões. Apesar da estabilidade, no Brasil, muito mais alunos
estão no grupo considerado abaixo do básico em Matemática para a OCDE: 73% do total.
Para a OCDE, a redução nas notas foi causada pela pandemia, mas não somente por ela. O
relatório menciona que o fechamento das escolas “impulsionou uma conversão global
para a aprendizagem remota, aumentando os desaos a longo prazo que já haviam surgido, como o uso da tecnologia nas salas de aula”.
Os dados revelam a demanda de estratégias de recomposição de aprendizagem e acompanhamento de alunos nos sistemas educacionais. Além de lacunas de conteúdo, especialistas alertam sobre desaos provenientes do uso da tecnologia. Pesam ainda questões
socioemocionais para uma geração que teve parte do desenvolvimento na quarentena,
com efeitos na saúde mental de crianças e jovens.
MEDIÇÃO E DESEMPENHO. Em Matemática, a diferença entre a prova feita em 2018 e a do
ano passado foi de 15 pontos a menos nos países ricos (membros da OCDE), o equivalente
aos alunos terem perdido três quartos de um ano escolar. O desempenho foi pior entre
Um em cada quatro alunos em países mais ricos tem baixo desempenho em
Matemática, Leitura e Ciências em exame; mesmo com escolas fechadas
mais tempo, Brasil cou ‘estável’
Pandemia afeta ensino no mundo; Brasil mostra desnível de regi‐
ões
O Estado de S. Paulo. · 06 dez. 2023 · A16 · RENATA CAFARDO LEON FERRARI
alunos de todos os pers socioeconômicos. O Pisa não tem escala máxima ou mínima de
pontos. As nações são divididas em uma média de aproxi
madamente 500 pontos, com desvio-padrão de 100 pontos. O exame, que seria realizado
em 2021, foi adiado por causa do fechamento das escolas na pandemia. Quase 700 mil alunos em 81 países participaram da avaliação, entre os que fazem parte da OCDE e nações
convidadas, como o Brasil.
Os estudantes brasileiros caram com nota 379 em Matemática, no 65.º lugar do ranking,
atrás de Colômbia e Casaquistão. Em Leitura, foram 410 pontos e a 52.ª colocação, desta
vez na frente dos mesmos dois países. Em Ciências, o Brasil aparece em 61.º, abaixo da
Argentina e do Peru, e com 403 pontos. Em 2018, as notas tinham sido 384, 413 e 404, respectivamente, o que foi considerado como “estabilidade”. O fato de o Brasil ter a maioria
dos alunos nos níveis mais baixos de desempenho pode ter feito com que a nota geral não
caísse tanto.
ESCOLAS FECHADAS. Isso ocorreu mesmo depois de o Brasil ter mais dias com escolas
fechadas por causa da covid. Em média, os estudantes de países da OCDE tiveram 101 dias
com ensino remoto na pandemia. No Brasil, essa quarentena durou 253 dias. “Vemos que
81% dos alunos que fazem o Pisa são do ensino médio, então o resultado foi re€exo do
esforço dos governos estaduais, dos governadores, para garantir as aulas e permanência
da aprendizagem, frente às diculdades da pandemia que enfrentamos, mesmo com a
ausência do MEC”, disse Camilo, referindo-se ao governo anterior.
Procurado, o ex-titular do MEC Victor Godoy armou que “o ministro não está errado”.
“Houve um esforço importante dos governos estaduais para a implementação, mas contou
com o incentivo do governo federal”, disse.
Para o atual ministro, o resultado do Pisa é uma “comprovação da necessidade de reforçar
as disciplinas básicas, de Matemática e Português”. A proposta do governo, que está no
Congresso e enfrenta críticas do relator, aumenta a carga horária da formação básica no
ensino médio, que havia sido reduzida na reforma.
MELHORES NOTAS. Apenas 1% dos brasileiros consegue chegar às notas mais altas em
Matemática, o que signica que encontram melhores estratégias para resolver problemas
usando um conhecimento não explícito na questão. Em Cingapura, 41% estão nesses
níveis; em Taiwan, 32%. A média da OCDE é de 9%.
Schleicher diz no relatório que os alunos não têm de demonstrar só conhecimento do
conteúdo. “Mas também pensar como um matemático, traduzir problemas do mundo real
para o mundo da Matemática, raciocinar matematicamente e interpretar soluções.” •
Governo Ministro da Educação realça esforço dos Estados que garantiu aprendizagem
durante a pandemia

 

 

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